quinta-feira, 21 de março de 2019

Morcegos migratórios


MIGRAÇÃO

Migração é o deslocamento de um grande número de indivíduos de uma espécie de um lugar a outro. A migração de animais é um comportamento distinto, o qual pode ser motivado por diferentes razões, tais como: busca de melhores condições climáticas, reprodução e de alimento.

Na Europa, desde a década de 30 muitos estudos sobre morcegos têm sido desenvolvidos para compreender os mecanismos envolvidos no comportamento migratório.

Nos Estados Unidos, colônias do morceguinho-das-casas (Tadarida brasiliensis) migram todos os anos mais de 1.000km até o México, em busca de melhores condições climáticas e de alimento.
Tadarida brasiliensis (morceguinho-das-casas).

No Brasil este tipo de trabalho ainda é incipiente e necessita de esforço conjunto de pesquisadores, órgãos públicos de saúde, meio ambiente e agricultura.

No Rio Grande do Sul, a migração de morcegos pode ser constatada em áreas urbanas no período de outono e inverno, quando a maior parte das colônias desaparece e/ou restringem-se a poucos indivíduos, entretanto pouco se sabe a respeito destes movimentos migratórios. 

Em 2012, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (SES) iniciou um estudo que envolve a captura, marcação e coleta de material biológico (urina, fezes e sangue) de morcegos em áreas urbanas, objetivando conhecer o papel destes animais na transmissão de zoonoses de relevante interesse para a saúde pública. Trabalho pioneiro no país, este trabalho conta com a participação de secretarias municipais de saúde, universidades e pesquisadores.

Os morcegos são capturados e marcados com anilhas metálicas. As inscrições utilizadas são: SES/RS/Brasil + Letra+Número, exemplo SES/RS/Brasil D001, onde SES é a abreviação de Secretaria Estadual da Saúde. 

Caso encontre um morcego anilhado comunique imediatamente ao Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) !!

E-mail: raiva@saude.rs.gov.br

Fne (51) 3901.1105

 Sua participação é muito importante para nós!

Morcegos visitantes



Em residências existem outros locais que podem ser ocupados como abrigos por morcegos, como, por exemplo, os vãos entre o equipamento de ar-condicionado, vãos de janelas e persianas. Caso seja necessário capturar os animais para realizar os procedimentos de vedação, utilize um puçá, pinças e/ou mesmo manualmente com o uso de luvas-de-raspa-de-couro, podendo ser guardados em sacos de pano ou gaiolas que permitam ventilação adequada, pelo período máximo 1 hora até o ato de soltura.

Geralmente, não há necessidade de captura dos morcegos, bastando apenas abrir os refúgios e deixar que os mesmos voem ou mesmo utilizando o “sistema escape-morcego”.

Adentramento ocasional em residências

O adentramento de morcegos em residências é um fato comum nas áreas urbanas, principalmente na primavera e verão, pois é neste período que os morcegos dão à luz aos filhotes e o número de animais aumenta consideravelmente.

Na fase jovem, os morcegos aprendem a voar e localizar-se através do complexo sistema de ecolocalização e, muitas vezes, acabam se chocando com obstáculos e adentrando em residências próximas aos seus abrigos. Além disto, doenças ocasionadas por vírus, bactérias e fungos podem ocasionar a desorientação e morte dos animais.

Para captura segura siga os passos:
1.         Mantenha a calma;
2.         Lance um pano sobre o animal;
3.         Com o auxílio de uma vassoura ou semelhante, coloque-o dentro de um pote de plástico, caixa de papelão, lata ou outro (Obs.: Não se esqueça de fazer pequenos furos para ventilação);
4.         Não coloque álcool ou qualquer outro tipo de líquido conservante no recipiente;
5.         Envie o animal para o Posto de Saúde mais próximo para realizar exame de raiva.
 




Obs. NÃO capture animais com as mãos, pois a mordida é inevitável. Use sempre EPI´s (luvas, máscaras, botas de borracha).

Como remover morcegos do telhado da casa


MÉTODOS RECOMENDADOS

Seguem abaixo recomendações para afugentar e/ou desalojar morcegos em diferentes tipos de situações, as quais deverão sempre ser acompanhadas por técnico habilitado e capacitado.


Morcegos frugívoros

Para evitar a visita indesejada de morcegos frugívoros existe a necessidade de se fazer um manejo na vegetação existente nas proximidades da casa, além do correto planejamento da Arborização Urbana. Sugerimos os seguintes procedimentos:

- Poda de galhos; 

Remoção de flores e frutos; 

Substituição por outras espécies que não frutíferas palatáveis aos morcegos.  


Morcegos insetívoros

No Rio Grande do Sul estes problemas são acentuados na primavera e verão, período de reprodução e criação dos filhotes, quando então as colônias instaladas aumentam significativamente em número de indivíduos. Assim sendo, o período recomendado para manejo de morcegos em telhados é o período de outono e inverno, época na qual, teoricamente, não há presença de filhotes.

Nestes casos a solução é o afugentamento pelo método de instalação do sistema escape-morcego e posterior fechamento dos espaços de entrada e saída dos animais.

O “Sistema escape-morcego” foi desenvolvido por Griffin, em 1940, sendo utilizado como armadilha para capturar morcegos instalados em diferentes refúgios observados nas construções humanas. São elaborados em estruturas simples, compostas por lonas plásticas e cilíndricos de metal e/ou plástico com receptáculos em sua porção final. Entretanto, para o desalojamento sem necessidade de captura dos animais, não fixamos sacos ou caixas receptoras em sua porção final, deixando que os morcegos saiam livremente.


Armadilhas para desinstalar morcegos das casas (Fonte: GREENHALL & PARADISO, 1968).

É um dos métodos mais simples de exclusão, na qual a ideia básica de permitir a saída dos animais, porém impedindo seu retorno para dentro do abrigo. A estrutura pode ser confeccionada com canos de PVC e lonas plásticas que são baratas e de fácil manuseio. Devem apresentar espaçamento suficientemente razoável para permitir que o morcego passe pelo seu interior sem ficar preso. Este mesmo sistema pode ser adaptado para inúmeras situações, observando-se sempre de que não haja filhotes no interior do abrigo. 

         Devido à diversidade de construções (telhados) e formatos das telhas, estes são os refúgios apresentam-se como os mais complexos em termos de resolutividade, ou seja, que exigem maior tempo de serviço, paciência e persistência. Além disto, conforme a disponibilidade de espaço, altura e temperatura (calor) os telhados podem ser ocupados por mais de uma espécie de morcego e/ou ainda, por mais de um grupo de morcegos.

Noutras circunstâncias, onde o telhado possui bastante espaço e as temperaturas são altas, algumas espécies de morcegos podem formar colônias de grandes proporções, que podem variar de centenas a milhares de animais, como é o caso de Tadarida brasiliensis (morceguinho-das-casas). Os abrigos mais comumente usados sãos forros, telhados, porões, vãos entre o ar-condicionado, persianas de janelas, entre outros, onde se refugiam juntos e/ou próximos às telhas e madeiras de sustentação do telhado, preferencialmente na cumeeira.


Morcegos refugiados entre o espaçamento de telhas e madeiras.

O maior incômodo gerado pela presença dos morcegos é o odor das fezes que, por vezes, caem de forros mal instalados. A solução imediata para este caso é o uso de pasta de silicone ou espuma expansível nos espaçamentos existentes entre as paredes e o forro do telhado.


Espuma expansível utilizada em fresta no forro a vista.

CONSTRUINDO O SISTEMA ESCAPE-MORCEGO

A ideia básica é simples: permitir que o morcego escape do abrigo, porém não consiga retornar pelo mesmo lugar!

Antes de instalar este sistema verifique SEMPRE todas as entradas e saídas dos morcegos. Vede todos os espaços existentes entre telhas e madeiras, deixando apenas os espaços de saída dos animais o Sistema escape-morcego

Espaço utilizado pelos morcegos para saída dos telhados.

Esta vedação deve ser realizada com materiais permanentes, tais como filetes de chapas galvanizadas ou de alumínio, entre outros.

Esta estrutura deverá permanecer no local pelo menos cinco dias consecutivos, garantindo que nenhum morcego permaneça dentro do abrigo. Estas ações deverão ser realizadas em dias de temperaturas acima de 20°C e sem chuvas, caso contrário os morcegos não deixam o abrigo para buscar alimento.

O sistema escape-morcego pode ser construído com materiais simples, com cano de PVC (100 mm), lona plástica, mangueira rígida e fita adesiva larga.



AFUGENTAMENTO DE COLÔNIAS INSTALADAS EM TELHADOS
Descreveremos a seguir os principais passos para desalojar os morcegos nesta situação.

O primeiro passo é observar ao final do dia (crepúsculo) quais são as entradas e saídas dos animais junto ao telhado. Caso seja possível, é importante realizar uma estimativa do número de animais, contando o número de indivíduos até escurecer completamente. Diante destas informações duas situações e soluções podem ser encontradas:

Caso 1 – colônias com menos de 50 indivíduos, por ponto de refúgio;

Caso 2 – colônias com mais 50 indivíduos, telhado alto que permite a observação da colônia.

Solução - Caso 1
     Quando o número de animais no telhado é pequeno a simples instalação do “sistema escape-morcego” pode resolver o problema. Para isto basta seguir os seguintes passos:

ü  1. Vistoriar o telhado e, caso existam telhas quebradas ou desalojadas, estas devem ser substituídas ou realinhadas;

ü  2. Observar a existência de espaçamentos entre chaminés e junções de telhas, os mesmos deverão ser bem vedados, pois estes espaços também podem servir como portas de entrada;

ü  3. Readequar e vedar todos os espaços entre telhas e madeiras (“espelho da madeira”), exceto 50 cm junto aos locais de saída dos animais. Isto deve ser feito com materiais permanentes como, por exemplo, plaquetas/filetes de chapas galvanizadas de modo a não deixar espaços entre telhas e madeiras;

ü  4. Instalar o “sistema escape-morcego” nos pontos de entrada e saída dos morcegos. Esta estrutura deve permanecer durante o período de 5 dias consecutivos para permitir a saída de todos os indivíduos do abrigo. Esta ação deverá ser realizada em dias não chuvosos e com temperaturas acima de 12°C. Outro detalhe a ser observado é a fase lunar, pois os morcegos exibem uma forte tendência a não deixar o abrigo em dias de lua crescente e/ou cheia.


Após este período de 5 dias, deve-se remover o “sistema escape-morcego” e vedar definitivamente as últimas aberturas.


Solução - Caso 2
Quando o número de animais é superior a 50 animais, talvez seja necessário fazer uma readequação entre o telhado e as madeiras.

Esta reestruturação pode ser feita mediante a substituição do tipo de telha e/ou ainda a instalação de placas metálicas abaixo destas. Este processo é trabalhoso e de maior custo, entretanto é a solução definitiva para impedir a instalação de grandes colônias em telhados.




Observação: No Rio Grande do Sul esta operação tem período certo, ou seja, no outono e inverno, pois nesta época não há presença de filhotes nos abrigos (telhados).


ATENÇÃO!!
A limpeza dos restos fecais deverá ser realizada mediante o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s) (luvas de borracha, botas, máscaras). Antes de remover as sujidades é importante aspergir uma mistura de água e hipoclorito de sódio (água sanitária)(1:1) sobre todos restos orgânicos, para evitar a formação de poeira e inalação de fungos (Histoplasma capsulatum, p. ex.).

Novo guia de manejo de morcegos

Pessoal!! Já está disponível no site do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) o novo guia de vigilância sobre morcegos urbanos. ...